@PHDTHESIS{ 2022:1138534305, title = {Determinantes sociais, econômicos e consumo de açúcares: Perspectiva sindêmica para cárie, doença periodontal e outras doenças não transmissíveis em adolescentes}, year = {2022}, url = "https://tedebc.ufma.br/jspui/handle/tede/tede/4560", abstract = "A cárie e a doença periodontal são as doenças não transmissíveis (DNT) mais prevalentes em todo mundo. Mesmo frente ao avanço no conhecimento da etiopatogenia destas doenças bucais, acompanhado pela evolução nos tratamentos odontológicos de alta tecnologia; paradoxalmente, observou-se uma tímida redução na prevalência das lesões de cárie não tratadas, de apenas 2,6% nas três últimas décadas. Para a doença periodontal houve, inclusive, um aumento na prevalência neste mesmo período. Embora a cárie e a doença periodontal apresentem fisiopatologias distintas e acometam tecidos dentários diferentes, estas doenças partilham fatores de risco, como a vulnerabilidade social e fatores de risco comportamentais, como consumo de açúcares. Estes fatores de risco sociais e comportamentais são também comuns às DNT sistêmicas. Ainda que as DNT bucais não sejam implicadas diretamente com aumento de casos de mortalidade, elas são capazes de predizer, décadas antes, o diabetes. No ciclo vital do indivíduo, o diagnóstico da cárie já pode ser feito na primeira infância, antecedendo em pelo menos uma ou duas décadas o da periodontite. Em sequência temporal, as duas doenças bucais e seu agravo maior, a perda dentária, são capazes de predizer o diabetes décadas antes. A periodontite e o diabetes são doenças crônicas que evoluem em forma de continuum, uma cascata de eventos progressivos entre seus primeiros sinais, o diagnóstico até o colapso do órgão-alvo. Assim, levantamos a hipótese de que eventos mais precoces da resistência insulínica, que são precursores do diabetes, já estariam associados ao início da doença periodontal em adolescentes. O CAPÍTULO I desta tese foi o artigo original “Precursores da resistência à insulina subjacentes à periodontite em adolescentes de 17 a 18 anos”, que teve como objetivo analisar as associações entre marcadores de resistência à insulina e da periodontite em adolescentes, explorando um modelo complexo, ajustado pelo sexo, determinantes sociais, consumo de álcool, tabagismo, índice de placa e a adiposidade. Tratou se de um estudo de base populacional representativo de adolescentes de 17-18 anos de escolas públicas de São Luís, Brasil (n = 405). A resistência à insulina foi avaliada por meio do Modelo de Avaliação da Homeostase do Índice de Resistência à Insulina (HOMA-IR) e pela razão triglicerídeos/HDL-colesterol (TG/HDL-c). O desfecho foi Periodontite Inicial, uma variável latente estimada pela variância compartilhada entre sangramento à sondagem (SS), profundidade de sondagem (PS) ≥ 4 mm e nível de inserção clínica (NIC) ≥ 4 mm. A associação entre resistência à insulina e periodontite foi modelada por meio de caminhos desencadeados por Status Socioeconômico, tabagismo, álcool e Adiposidade, usando Modelagem de Equações Estruturais (MEE). Como resultados, os marcadores da resistência à insulina foram associados aos sinais precoces de degradação periodontal entre adolescentes, sugerindo que a relação entre diabetes e periodontite pode começar bem mais cedo do que vinha sendo estudado na vida adulta. O artigo original “Precursors of insulin resistance underlying periodontitis in adolescents aged 17-18 years” foi publicado na revista Oral Diseases, Fator de Impacto 4.068, doi: 10.1111/odi.14283, 2022, que teve a parceria de três pesquisadores no exterior (Aarhus University - Dinamarca e University British of Columbia - Canadá). Nosso grupo de pesquisa vem mostrando de forma consistente que os indicadores da cárie e da doença periodontal estão correlacionados entre si formando o fenômeno Carga de Doenças Bucais Crônicas em crianças e adolescentes. Ressalta-se que a Carga de Doenças Bucais Crônicas não é uma medida de diagnóstico, mas uma oportunidade de compreender a cárie e a doença periodontal de forma mais integrada, com uma visão transdisciplinar para saúde bucal. Importantes organizações internacionais têm estabelecido limites de consumo diário de açúcares para prevenção de DNT, mas que ainda não tinham sido testados em associação com a Carga de Doenças Bucais Crônicas. Nossa segunda hipótese na tese foi que os limites de ingestão de açúcares apontados por instituições internacionais como risco para DNT aumentariam a Carga de Doenças Bucais Crônicas em jovens. O CAPÍTULO II desta tese foi o artigo original “Consumo de açúcares acima das recomendações internacionais e a carga de doenças bucais: um estudo de base populacional”, que teve como objetivo avaliar a associação entre o consumo de açúcares de adição acima do limite diário de risco para DNT e a Carga de Doenças Bucais Crônicas em adolescentes. Este foi um estudo de base populacional com delineamento transversal, aninhado à coorte RPS, São Luís, Brasil. O estudo utilizou dados do segundo seguimento da coorte, com jovens aos 18 a 19 anos (n = 2.515). O alto consumo de açúcares de adição foi estimado de acordo com os limites das diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) (≥5% da energia total/dia) e da American Heart Association (AHA) (≥25g/dia). A Carga de Doenças Bucais Crônicas foi uma variável latente (número de dentes cariados, PS ≥4mm, NIC ≥3mm e SS). Os modelos foram ajustados para Status Socioeconômico, sexo, obesidade e índice de placa e analisados por MEE. A ingestão de açúcares entre os jovens estava muito acima das recomendações internacionais de risco para DNT, e foi associada à Carga de Doenças Bucais Crônicas. Doses reduzidas para a metade das diretrizes também foram associadas a alguns parâmetros da cárie e da doença periodontal, nos fazendo refletir que possam não existir exposições seguras para consumo destes açúcares. O artigo original “Sugars intake above international recommendations and oral disease burden: a population-based study” foi aceito para publicação na revista Oral Diseases, Fator de Impacto 4.068, em novembro de 2022 e teve participação de dois pesquisadores do exterior (National Dental Research Institute Singapore). Os dois primeiros capítulos desta tese nos impulsionaram a entender mais sobre os agrupamentos entre as DNT bucais e sistêmicas, e do papel de determinantes sociais e comportamentos de risco neste processo. Sindemia é a interação de fatores sociais e ambientais resultando em uma carga sinérgica de excesso de doenças, a qual tem sido recomendada para abordar comorbidades, especialmente entre DNT. Uma abordagem sindêmica ainda não foi explorada na perspectiva da saúde bucal. A terceira hipótese levantada na tese foi que os determinantes socioeconômicos interagem com comportamentos de risco, como a maior exposição aos açúcares de adição, e resultem no agrupamento de DNT de forma sindêmica, sendo um fenômeno observável em jovens. O CAPÍTULO III desta tese foi o artigo original “Vulnerabilidade social e comportamentos aditivos: um modelo sindêmico ligando obesidade, resistência à insulina com cárie e periodontite em adolescentes brasileiros”, que teve como objetivo analisar a obesidade, resistência à insulina e doenças bucais crônicas (cárie e doença periodontal) a partir de uma perspectiva sindêmica, considerando caminhos desencadeados pela situação socioeconômica, alto consumo de açúcar, tabagismo e álcool em adolescentes. Tratou-se de um estudo de base populacional que analisou o seguimento de 18– 19 anos da Coorte RPS, São Luís, Brasil (n=2.515). Investigamos o agrupamento de obesidade, Fenótipo de Resistência à Insulina (variável latente formada pelos indicadores: TG/HDL-c, TyG e VLDL-c) com a Carga de Doenças Bucais Crônicas (variável latente formada pelos indicadores: cárie, SS, PS ≥4mm, NIC ≥3mm e índice de placa visível ≥15%). A vulnerabilidade social foi a variável mais ancestral representada pela variável Status Socioeconômico, influenciando todas as variáveis do modelo. A exposição de interesse foi representada pelos Comportamentos Aditivos (Viciantes), variável latente formada pelo consumo de açúcar de adição, tabagismo e consumo abusivo de álcool. Os dados foram analisados por MEE. Como resultados, identificamos um agrupamento do Fenótipo de Resistência à Insulina com a obesidade e com a Carga de Doenças Bucais Crônicas ao final da segunda década de vida. Nossos resultados suportam uma mudança de paradigma no enfrentamento das doenças bucais de forma mais transdisciplinar, a partir de uma abordagem sindêmica, direcionando esforços para determinantes socioeconômicos e para os fatores de risco comportamentais comuns para todas as DNT. Este artigo original da tese será defendido e posteriormente submetido ao Journal of Dental Research. Os resultados da ciência produzida por esta tese precisavam chegar à sociedade, e assim para dar visibilidade aos achados das nossas pesquisas e garantir a translação do conhecimento para cirurgiões-dentistas elaboramos o Recurso Instrucional em formato digital, apresentado como o CAPÍTULO IV desta tese, intitulado “Abordagem preventiva das causas comuns entre doenças crônicas não transmissíveis bucais e sistêmicas: o papel protagonista do cirurgião-dentista na equipe de saúde da família”, com objetivo de destacar o papel do cirurgião-dentista na prevenção de DNT, a partir do conhecimento dos fatores de risco comuns entre as DNT bucais e sistêmicas. O recurso é um material complementar do e-curso “Assistência Odontológica para Pacientes com Doenças Crônicas Não Transmissíveis na Atenção Primária” oferecido pela UNASUS, em modalidade MOOC (Massive Open Online Course), financiado pelo Ministério da Saúde, e que já capacitou mais de 15 mil cirurgiões dentistas de rede SUS. Na rede SUS, o cirurgião-dentista deve contribuir para elaboração de estratégias em saúde pública na atenção primária para prevenção integrada dos agravos bucais e outras DNT de maior mortalidade, com economia de recursos, melhorias na qualidade dos serviços e melhoria da qualidade de vida da população. Nesta perspectiva, elaboramos um livro em formato digital, Editora EDUFMA, ISBN: 978-65-5363-070-3, apresentado como CAPÍTULO V desta tese, alojado na Plataforma ARES, intitulado “Doenças crônicas não transmissíveis: fatores de risco e redes de atenção à saúde bucal”, que teve como objetivo contribuir com a compreensão dos fatores de risco para DNT na Rede de Atenção à Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), disponível gratuitamente através do link https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/27070, lançado em junho de 2022, com 266 downloads até novembro 2022. Para contribuir na divulgação da abordagem integrada da cárie, doença periodontal e outras DNT, um livro em formato digital foi elaborado e será lançado em dezembro 2022 pela EDUFMA e disponibilizado na Plataforma ARES, sendo o CAPÍTULO VI desta tese, intitulado “Cárie, periodontite e outras doenças não transmissíveis: abordagem transdisciplinar para o cirurgião-dentista”. Este recurso teve como objetivo divulgar entre os cirurgiões dentistas o fenômeno Carga de Doenças Bucais Crônicas, a partir de uma visão transdisciplinar da cárie e da doença periodontal, discutindo o papel dos determinantes sociais e econômicos, além dos fatores de risco comportamentais comuns para as DNT, com ênfase nos efeitos nocivos dos alimentos ultra processados, especialmente os açúcares de adição. Em síntese, os resultados das pesquisas desta tese mostraram que as DNT bucais, a cárie e a doença periodontal, tem seus indicadores agrupados em jovens formando a Carga de Doenças Bucais Crônicas, explicada por determinantes sociais e pelo excessivo consumo de açúcares de adição. Evidenciamos também que o consumo de açúcares de adição entre jovens foi alarmante, ultrapassando, em muito, os limites apresentados por organizações internacionais, o que os coloca em risco futuro de DNT. Além disso, observamos um quadro sindêmico em jovens, com agrupamento da obesidade e primeiros sinais da resistência insulínica (precursora do diabetes) em associação com a Carga de Doenças Bucais Crônicas, a qual foi explicada por determinantes sociais e comportamentos de risco que também estavam agrupados (tabagismo, consumo de álcool e consumo de açúcares). O cirurgião-dentista deve ter papel de destaque no enfrentamento das DNT, uma vez que é um profissional em contato mais precoce com os primeiros sinais destas doenças, executando, propondo e apoiando intervenções e políticas mais efetivas em saúde. Para contribuir com este profissional, elaboramos três recursos instrucionais, para qualificar o profissional que será essencial nas ações de enfretamento das DNT bucais e sistêmicas de forma mais integrada. Os SEIS CAPÍTULOS da presente tese são conteúdos alinhados ao Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis (2021-2030) do Ministério da Saúde e em consonância com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), podendo contribuir com meta de reduzir, até 2030, em um terço a mortalidade prematura por DNT, via prevenção e tratamento.", publisher = {Universidade Federal do Maranhão}, scholl = {PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA/CCBS}, note = {DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA I/CCBS} }