@MASTERSTHESIS{ 2018:1170998662, title = {MEMÓRIA E RESSIGNIFICAÇÃO DA HISTÓRIA EM LUEJI, O NASCIMENTO DE UM IMPÉRIO: interlocução entre tradição e memória na Angola de Pepetela.}, year = {2018}, url = "https://tedebc.ufma.br/jspui/handle/tede/tede/2375", abstract = "A partir das principais teorias sobre memória, esta pesquisa investe numa análise da literatura angolana escrita em língua portuguesa a partir do romance Lueji, o nascimento de um império (1989), de Pepetela, escritor mais expressivo da prosa romanesca deste país. Esta obra figura como uma de suas mais importantes criações por buscar raízes de uma angolanidade précolonial para pôr em xeque a imposição do modelo europeu em detrimento da cultura local. Além disso, revela a grande tensão que existe entre a tradição e a modernidade, num constante diálogo, nos dois espaços-tempos, em que a rainha Lueji e a bailarina Lu discutem com seus contemporâneos sobre a validade das tradições ancestrais para os seus presentes. Por isso, é importante compreender a memória como um agente de ressignificação do passado, a partir das impressões do presente. Dentre os autores que se debruçaram sobre os estudos da memória, traremos para este diálogo Maurice Halbwachs (2003), Michel Pollak (1989), Joel Candau (2016), Paul Ricouer (1994; 2007) que reconhecem neste fenômeno a possibilidade de reorganização do mundo vivido por sujeitos ainda em contato com as redes sociais em que a memória é formada. Contudo, para que possamos compreender este mundo vivido do angolano, é necessário que compreendamos como ele se relaciona com seu espaço territorial e subjetivo, por isso, a Geografia Humanista Cultural, a GHC, nos brinda com autores como Eric Dardel (2011), Yi-Fu Tuan (2013), cujas pesquisas reconhecem a experiência fenomenológica como fundamental para a percepção do espaço e do lugar como categorias humanizadas pela ação subjetiva dos indivíduos que habitam e constroem o mundo vivido. Para isso, é necessário que o sujeito angolano se sinta agente de sua história e não mais objeto de estudo. Narrar e ser o sujeito da própria história fazem parte de uma proposta afrocêntrica cunhada por Molefi Kete Asante (2009), José P. Castiano (2010) e Inocência Mata (2012; 2014), que buscam em referenciais africanos, como Hampaté-Bâ (2010) e Vansina (2010), para uma perspectiva em que os valores e conhecimentos do Sul sejam também possibilidades de análise da realidade, conforme nos propõe Boaventura Santos (2009). Falar sobre tradição em África é falar de um saber oralizado, transmitido de geração em geração, sendo o griot seu principal veículo. Ele tem a mesma função que o trovador exercia na literatura medieval e sua atividade é transposta para a narrativa escrita e assumida pelos narradores da trama. Logo, iremos estudar também a especificidade do foco narrativo que, na escrita pepeteliana, se configura de maneira diferente. É importante observar que, ao dar voz a diferentes narradores, deslocando o ponto de vista de um narrador central para várias perspectivas narrativas, Pepetela questiona a posição da historiografia positivista com sua pretensão de verdade única dos fatos. Assim, Lídia Chiappini (1985) e Maria Lúcia Dal Farra (1978) nos auxiliarão a compreender a posição dos sujeitos que se propõem a narrar os fatos que experienciaram ou ouviram falar. Como resultado, temos uma literatura híbrida, onde escrita e oralidade formam um novo par que se manifesta em diferentes níveis, de acordo com cada autor.", publisher = {Universidade Federal do Maranhão}, scholl = {PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS/CCH}, note = {DEPARTAMENTO DE LETRAS/CCH} }