@MASTERSTHESIS{ 2017:339386805, title = {Merleau-ponty e a medicalização da existência: por uma fenomenologia do corpo próprio}, year = {2017}, url = "https://tedebc.ufma.br/jspui/handle/tede/tede/2256", abstract = "A presente pesquisa se propõe discutir o tema da medicalização da existência tomando como perspectiva a fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty. Aqui a medicalização é caracterizada a pressuposição de que todas as questões relacionadas à existência e, inclusive, as doenças e o sofrimento podem ser suficientemente tratados por intervenções exclusivamente farmacológicas. A partir desse contexto, o nosso objetivo principal é tematizar as condições de possibilidade da psicofarmacoterapia como forma primeira e única para o tratamento dos transtornos mentais e de comportamento. Seguindo a tradição filosófica de Merleau-Ponty optamos por empregar uma metodologia que compreende um modelo de investigação tanto fenomenológico quanto hermenêutico. Fenomenológico porque não poderíamos prescindir a medicalização enquanto fenômeno, ou seja, no modo em que ele se nos apresenta. Portanto, empreende-se aqui um esforço para que medicalização seja tomada nesta pesquisa como fenômeno antes de ser analisada como problema. Por outro lado, a pesquisa também recorre a um olhar hermenêutico quando se debruça sobre as duas obras escolhidas para o estudo, a saber, A Estrutura do Comportamento e Fenomenologia da Percepção. A principal justificativa para a escolha dessas obras é que elas têm a peculiaridade de pertencerem a um só movimento. Em ambas existe o objetivo de compreender as relações entre a consciência e a natureza, entre o organismo e o meio e, entre o corpo e ele mesmo. Não obstante a essa uniformidade encontramos na primeira, elementos para uma crítica da noção de comportamento. Tal crítica nos guiou a compreensão de comportamento enquanto Gestalt e é esse o entendimento que nos leva na segunda obra a uma crítica da noção clássica de sensação. Ao longo das duas obras existe um fio condutor que implícita ou explicitamente justifica cada uma dessas críticas: trata-se do tema da percepção. A percepção discutida por Merleau-Ponty tem uma importância especial para nossa pesquisa porque é por intermédio dela que podemos falar de um corpo que não é apenas o corpo objeto (Körper/ Objectif), mas um corpo próprio (Leib/ Corps Proper ou Corps Vécu). É a este corpo próprio, é a este corpo fenomênico que submetemos o tema da medicalização da existência. Considerando que os transtornos mentais e comportamentais pertençam supostamente a uma ordem psicológica como passamos a crer que existe um isomorfismo entre essa ordem e os alvos farmacológicos dos psicotrópicos? Os principais resultados de nossa pesquisa sugerem que não existe tal isomorfismo. Que a linguagem do corpo, seja ela normal ou patológica, não se restringe a uma simples tradução de eventos neurofisiológicos, mas a uma potência expressiva da existência, cujo princípio não é apenas de revelar um sofrimento, mas também consiste no desejo do ser de compreendido por outrem. É pela necessidade dessa via terapêutica que achamos inviável qualquer tentativa de resumir o tratamento para tais transtornos a uma simples intervenção química no sistema nervoso.", publisher = {Universidade Federal do Maranhão}, scholl = {PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA/CCH}, note = {DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA/CCH} }