@MASTERSTHESIS{ 2018:553962114, title = {“EU NÃO DIGO ‘NÃO’ DUAS VEZES NÃO”: USOS E PERCEPÇÕES AVALIATIVAS SOBRE A DUPLA NEGAÇÃO NO PORTUGUÊS FALADO NO MARANHÃO.}, year = {2018}, url = "https://tedebc.ufma.br/jspui/handle/tede/tede/2280", abstract = "A negação, um universal linguístico, tem sido foco de muitos estudos, tendo em vista que as línguas naturais a representam de diferentes formas. O Português Brasileiro (PB) se destaca como a única língua românica a apresentar três estruturas negativas, a saber: a negação pré-verbal (NÃO + sintagma verbal), a dupla negação (NÃO + sintagma verbal + NÃO) e a negação pós-verbal (sintagma verbal + NÃO). O presente trabalho, de orientação Sociolinguística, tem por objetivo investigar as crenças e atitudes acerca da dupla negação que reverberam no imaginário de falantes maranhenses, relacionando-as com o uso real da estrutura no português falado no Maranhão, em especial nas localidades investigadas, a saber São Luís e Jamary dos Pretos. Estas foram escolhidas a fim de observarmos se há diferença entre a realidade urbana e rural quanto à realização da estrutura e das crenças a respeito desta. Um teste de atitudes aplicado por Roncarati (1996) mostrou que essa estrutura negativa, assim como a negação pós-verbal, foi identificada por falantes cearenses como um caso de nordestinismo, e com características discursivo-pragmáticas específicas. Com base nesses resultados e em outros estudos a respeito da estrutura, buscamos observar: (i) a influência de aspectos sociais e discursivos que condicionam a expressão da dupla negação nas localidades investigadas; (ii) quais crenças a respeito do uso da dupla negação os falantes maranhenses apresentam; (iii) se as atitudes refletidas por essas crenças são mais de natureza negativa ou positiva. Como aporte teórico para o exame dessas questões, baseamo-nos nos estudos de Labov (1966, 1972), Tarallo (1983, 1997), no que concerne à Sociolinguística; de Lambert & Lambert (1968), Moreno Fernández ([1998] 2009), López Morales ([1989] 2004), Botassini (2015), no que diz respeito a percepções e atitudes linguísticas; e nos trabalhos de Schwegler (1991), Roncarati (1996), Furtado da Cunha (2001), Schwenter (2005), para questões acerca do fenômeno no PB. Para constituição da amostra, aplicamos Testes Produção e Percepção e um Roteiro de Discurso Semidirigido a falantes naturais da capital do Estado, São Luís, e de Jamary dos Pretos, uma das maiores e mais antigas comunidades quilombolas do Maranhão, de níveis de escolaridade diferentes – nível fundamental e nível superior – e de duas faixas etárias – 20 a 40 anos e 55 ou mais. O corpus da pesquisa é constituído por dados de fala de 24 informantes, sendo 16 naturais de São Luís e oito, de Jamary dos Pretos. A análise dos dados apontou que a dupla negação é a segunda estrutura negativa mais recorrente nas duas localidades investigadas – em São Luís, foram computadas 19% das realizações e, em Jamary, 13% –, proferidas por 19 – 12 de São Luís e sete de Jamary – dos 24 informantes selecionados para a pesquisa. Durante o Teste de Produção, a dupla negação foi realizada por 16 informantes, apesar de a maioria destes considerar seu uso inadequado, e, durante o Teste de Percepção, foi escolhida 108 vezes como a mais adequada nas situações-estímulo (SE) apresentadas. Por meio da aplicação desse teste, foi possível identificar 36 crenças a respeito do uso da dupla negação no PB, sendo 10 de natureza estrutural, nove contextuais/discursivas e 17 de natureza social. Dessas 36 crenças, 24 evidenciaram atitudes negativas dos falantes. Por meio desta pesquisa, concluímos que, apesar de a maioria dos informantes ser usuária da estrutura e alguns deles nem se reconhecerem como tal, a dupla negação é, ainda assim, caracterizada de forma majoritariamente negativa pelos falantes, sendo considerada como erro gramatical, característica do falar interiorano, caipira.", publisher = {Universidade Federal do Maranhão}, scholl = {PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS/CCH}, note = {DEPARTAMENTO DE LETRAS/CCH} }